Enquanto o diálogo de paz entre o governo colombiano e os rebeldes das FARC acontece na Noruega, o Dr Ricardo Esquivia, da Igreja Menonita da Colômbia, afirmou que “criatividade e audácia na luta pela justiça e da paz" são essenciais atualmente.

Falando durante a reunião do Grupo Internacional de Referência do Programa Ecumênico de Acompanhamento na Colômbia (PEAC), em Bogotá, entre os dias 29 e 31 de outubro, ele rejeitou o uso da violência. “Há grupos que conseguem muita atenção para suas causas através do uso de meios violentos. Rejeitamos isso. Nós esolahamos sementes de justiça e queremos cuidar delas enquanto crescem”, ele disse.

Esquivia e a Igreja Menonita na região de Montes de Maria é um dos fundadores do PEAC.

Em sua apresentação, ele acrescentou que um dos desafios do PEAC é unir "desenvolvimento, incidência e resolução de conflitos".

O PEAC é um programa implementado pelo Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), com apoio do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e diversas outras organizações ecumênicas regionais e internacionais.

A iniciativa do PEAC pretende apoiar as comunidades afetadas pelo conflito entre o governo e as FARC, que já dura quase cinco décadas e que ceifou a vida de milhares de pessoas e desalojou milhões.

O acadêmico Dr. Marcelo Caruso, assinalou que o diálogo entre o governo colombiano e as forças rebeldes eleva o processo de paz a um outro nível. Considerando os desafios inerentes ao processo de paz, o programa do PEAC, ele disse, poderá receber os primeiros acompanhantes somente nos próximos meses.

Os acompanhantes ecumênicos passarão cerca de três meses em comunidades afetadas por violações dos direitos humanos e ameaças a sua segurança.

A coordenadora nacional do PEAC e defensora dos direitos huamanos, Blanca Echeverry, apontou para a falta de proteção do Estado às vítimas do conflito armado em diversas áreas. Este, segundo ela, é um fator-chave que inspira a criação do PEAC.

“Queremos ajudar a fortalecer a capacidade de organização das comunidades e entidades que estão nas áreas afetadas, fortalecendo sua organização e participação social", disse Echeverry.   Ela acrescentou dizendo que o PEAC pretende defender "os direitos econômicos, sociais, políticos, culturais, ambientais e territoriais das pessoas".

O Rev. Carlos Emilio Ham, coordenador dos programas do CMI para Diaconia e relações regionais com a América Latina e o Caribe, apresentou o tema da 10a Assembleia do CMI "Deus da vida, conduze-nos à justiça e à paz". Ham destacou a relevância do tema ara os objetivos do PEAC. “No dia 30 de outubro de 2013 estaremos celebrando o dia de abertura da nossa assembleia. Esperamos que as iniciativas como o PEAC possam levantar questões em torno dos temas da justiça e da paz entre nossas igrejas-membro ao redor do mundo”, concluiu.

O PEAC é inspirado no Programa Ecumênico de Acompanhamento na Palestina e Israel (PEAPI), do CMI. Implementado pelo CLAI, o programa tem o apoio de ACT Aliança, Igreja Unida do Canadá. Federação Luterana Mundial, Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas, Federação Universal de Movimentos Estudantis Cristãos, Centro Regional Ecumênico de Assessoria e Serviço, Church World Service, Kairos Canada e a Igreja Metodista Bretã.

Em 31 de outubro, os membros do Grupo Internacional de Referência do PEAC viajaram à região de Montes de María e encontraram autoridades locais e representantes das comunidades. A cidade de San Onofre será a primeira a receber acompanhantes, em dezembro de 2012.

Leia também:

Implementando iniciativas do PEAC na Colombia (matéria de 7 de maio de 2012)

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