“Longos anos de guerra civil e importação de armas desde os anos 80 criaram uma situação difícil na América Latina, onde o desafio é evitar a proliferação de armas de fogo”, afirmou o Prof. Benjamin Marchena durante uma consulta do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) realizada em Antigua, Guatemala.  

Marchena, que trabalha na Universidade Martin Luther King, na Nicaragua, disse que cerca de 4.5 milhões de armas estavam sob posse da sociedade civil na região em 2007 e ainda estão em circulação.

A consulta na qual ele falou enfocou no desenvolvimento de uma resposta ecumênica sobre paz e segurança na América Latina.

O evento reuniu mais de trinta participantes oriundos de vinte países da região, entre 30 de novembro e 2 de dezembro. 

O evento foi organizado pela Comissão das Igrejas sobre Assuntos Internacionais (CCIA) do CMI, em cooperação com o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) e o Conselho Ecumênico Cristão da Guatemala.

O Prof. Marchena afirmou ainda que "o desafio de interromper a proliferação de armas de fogo e o combater o tráfico de drogas na América Latina é essencial para reduzir os níveis de violência e estabelecer condições de segurança humanitária, paz e desenvolvimento”.

Durante o evento, os participantes também apontaram que vários países da América Latina progrediram economicamente e no que tange o desenvolvimento social, mas que a sensação de insegurança e vulnerabilidade ainda paira entre as pessoas.

Em sua apresentação, Rita Claverie de Sciolli, vice-ministra de relações exteriores da República da Nicarágua, afirmou que "uma ordem social cada vez mais polarizada deshumaniza as pessoas em muitas partes da América Latina, por isso o papel das igrejas na proteção da dignidade e segurança das pessoas se torna tão valioso”.

“O papel das igrejas em países como o México, onde centenas de milhares de pessoas de países da América Central acabam presas como imigrantes, o abrigo e a proteção oferecidos pelas igrejas é importante", ela disse.

“A criminalização e a exploração de recursos naturais, especialmente em terras indígenas, são práticas comuns em países da América Latina”, afirmou Maria Sumire, presidente de uma associação nacional de mulheres indígenas do Peru e ex--parlamentar daquele país.

“A mobilidade dos povos indígenas e suas vidas pacíficas são ameaçadas por companhias transnacionais, que são agem em acordo com políticos e governantes corruptos em vários países da América Latinas", acrescentou.

“A preocupação com segurança humanitária é crítica na região da América Latina hoje. Iniciativas no sentido de incorporar diretrizes de segurança humanitária no desenvolvimento de políticas públicas regionais e locais ainda são pouquíssimas”, disse o Prof. James Esponda, da Igreja Católica Romana do Chile.

“Uma diretriz de segurança humanitária demanda que as necessidades dos vulneráveis sejam levadas em conta e integradas no desenvolvimento de estratégias”, acrescentou.

Durante uma apresentação sobre o tema de "paz e segurança humanitária num contexto geopolítico emergente", o diretor da CCIA, Dr Mathews George Chunakara, afirmou que "colocar as pessoas em vez dos estados no foco central das políticas de segurança é uma necessidade atual.”

Ele disse que "a segurança humanitária pode ser protegida somente numa sociedade em que a segurança das pessoas e das sociedades é valorizada”.

A Comissão das Igrejas para Assuntos Internacionais do CMI

As igrejas-membro do CMI na América Latina