A cada ano, o dia 25 de novembro é emblemático para mulheres de todo o mundo. A data congrega esforços de incidência e gestos formais de memória da violência sistemática sofrida a cada dia por metade da população mundial. Cristãs e cristãos ao redor do mundo também estão engajadas/os num compromisso mais ativo com o objetivo de exterminar a violência de gênero.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1 em cada 4 mulheres experimentam violência física ou sexual durante a gravidez, o que aumenta o número de casos de abortos espontâneos e partos prematuros.

Em 2014, uma campanha promovida pela Associação Mundial de Jovens Cristãs desenvolveu uma maneira de ampliar o alcance, o impacto e a conscientização em torno do tema da violência de gênero. “NoXcuses – Não Há Desculpas para a Violência Contra a Mulher” propõe 16 dias de ativismo contra a violência de gênero.

Entre 25 de novembro e 10 de dezembro, milhares de pessoas ao redor do mundo estão partilhando testemunhos em video, imagens e textos em torno do tema.

Globalmente, a campanha tem o apoio formal do Conselho Mundial de Igrejas e da Federação Luterana Mundial. Na América Latina, muitas igrejas e redes ecumênicas estão engajadas nesta iniciativa.

O Comitê Executivo do braço regional da Associação Mundial de Comunicadores Cristãos (WACC), emitiu, no dia 25, uma declaração na qual comunicadoras e comunicadores que defendem o direito à comunicação reiteram a importância do monitoramento e denúncia de publicações que degradam, difamam e reproduzem estereótipos que ilusttram as mulheres em posições nas quais não lhes é permitido exercer nenhuma autodeterminação.

“Milhares de mulheres assistem e escutam, através dos meios de comunicação, a consolidação de papéis sociais construídos como pressupostos biológicos de submissão. Por isso, temos que trabalhar  por uma comunicação inclusiva, capaz de integrar todas as formas de ser mulher”, afirma o documento.

Nas igrejas, o assunto da violênciacontra as mulheres ainda corre o risco de ser negligenciado, minimizado ou silenciado.

Para a pastora Rosangela Stange, Coordenadora Nacional de Gênero, Gerações e Etnias, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), é importante e fundamental que as igrejas cristãs, quando se comprometem com a superação da violência, ofereçam um contraponto a leituras fundamentalistas de textos bíblicos que possam justificar a violência e subjugação das mulheres.

Para ela, o mandamento do amor estabelece uma posição de igualdade e de justiça entre as pessoas quando afirma que “não existe diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres”, reflete Rosangela.

“Não podemos tolerar, silenciar diante da violência e morte que mulheres estão sofrendo. É a fé em Jesus, é o seguimento de seu ensinamento que nos move, que nos leva a ação, à denúncia, à busca de meios de superação da violência”, acrescenta.

A expectative é de que os 16 dias de ativismo contra a violência de gênero gerem diversas manifestações de comprometimento ao redor do mundo. Na declaração da WACC – América Latina, há o compromisso por trabalhar por um conceito amplo do direito à comunicação e o repúdio a todas as formas de violência contra as mulheres.

Muitos testemunhos serão publicados durante os 16 dias de demonstrações contra a violência de gênero. Visite www.worldywca.org/noXcuses e veja como você pode fazer seu próprio vídeo ou apoiar a campanha de outras formas. Nas redes sociais, procure “#NoXcuses”.