Available in:
Image
O Papa Paulo VI em visita à sede do CMI em Genebra, 1969, sendo recebido pelo Dr Eugene Carson Blake, secretário geral do CMI e outros líderes de igrejas.

O Papa Paulo VI em visita à sede do CMI em Genebra, 1969, sendo recebido pelo Dr Eugene Carson Blake, secretário geral do CMI e outros líderes de igrejas.

*por Theodore A. Gill

Durante a semana de 22 junho de 2015, os 50 anos do Grupo de Trabalho Conjunto entre a Igreja Católica Romana e o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) serão celebrados pelos líderes das igrejas. Um evento público para marcar a data será promovido no Centro Pro Unione, em Roma, Itália, no dia 23 de junho.

Um dos legados ecumênicos do incremento das relações entre as igrejas oriundos do Concílio Vaticano II, o Grupo de Trabalho Conjunto (GTC) tem trabalhado desde 1965 coordenando atividades do CMI, suas igrejas-membro, organismos ecumênicos parceiros e as comissões e conselhos católico-romanos envolvidos no debate teológico e ação conjunta ao redor do mundo.

O grupo de trabalho tem se encontrado regularmente ao longo das últimas cinco décadas e publicou relatórios de suas atividades. O GTC é co-moderado pelo Metropolita e Arcebispo Nifon de Targoviste, da Igreja Ortodoxa da Romênia, um membro dos Comitês Central e Executivo do CMI, e pelo Arcebispo Diarmuid Martin, da Igreja Católica Romana.

Ao longo dos últimos 50 anos, os católicos romanos se tornaram membros plenos da Comissão de Fé e Ordem, coordenada pelo CMI, contribuíram com profissionais para áreas de trabalho do CMI como a de evangelização e educação teológica, e enviaram delegações de observadores para participar das Assembleias do CMI e de suas maiores conferências. Ajustes recíprocos foram implementados, com participação ativa ortodoxa e protestante em fóruns católicos.

Entre 1968 e 1983, o CMI e a Igreja Católica Romana realizaram experiências com políticas sociais comuns e ministérios de serviço a partir de uma comissão sobre sociedade, desenvolvimento e paz (SODEPAX). Em 2011, o CMI, o Conselho Pontífice para Diálogo Inter-religioso e a Aliança Evangélica Mundial publicaram juntos uma série de recomendações históricas para igrejas que redigem diretrizes sobre missão e evangelização: "Testemunho Cristão num Mundo Multi-Religioso".

O Padre William Henn, frade franciscano capuchinho e teólogo, que trabalha como professor de eclesiologia e ecumenismo na Universidade Gregoriana em Roma, refletiu acerca da GTC. Participando do encontro da Comissão de Fé e Ordem em Caraiman, Romênia, onde foi eleito vice-moderador da Comissão para o período de 2015 a 2020, Dr. Henn partilhou algumas opiniões com o serviço de notícias do CMI.

"Historicamente", disse Henn, "o Grupo de Trabalho Conjunto entre o Conselho Mundial de Igrejas e a Igreja Católica Romana é tão importante quanto providencial para as duas entidades, sendo que cada uma expressa apreço pela importância da outra".

O propósito do GTC, em seus primeiros anos de existência, explicou, era ajudar católicos romanos e o CMI "a estabelecer relações contínuas num tempo em que nenhum deles que forma ou estrutura tal relação acabaria tendo. Após explorar cuidadosamente os prós e contras de diversas formas de interação, o GTC transformou-se num meio efetivo de manutenção da contínua, dinâmica e multidimensional colaboração entre os dois organismos, fomentando sua cooperação frutífera em diversos níveis".

Heen continuou: "um dos surpreendentes positivos desenvolvimentos do GTC foi a decisão de produzir documentos de estudo acerca de diversos temas pertinentes ao diálogo teológico e ao contínuo processo de avanço ecumênico. Documentos de estudo valiosos acerca de tais temas, como apostolicidade, a igreja local e universal, o mutuo reconhecimento do batismo e o diálogo ecumênico sobre questões morais enriqueceram os resultados de outros diálogos, por exemplo. Estes documentos foram citados nas declarações recentes da Comissão de Fé e Ordem "Batismo" e "Igreja: Rumo a Uma Visão Comum".

"Outros textos do GTC sobre questões como recepção, formação ecumênica e participação em Conselhos Nacionais de Igrejas contribuíram com o importante trabalho do ecumenismo institucional ou prático", acrescentou.

O secretário geral do CMI, Rev. Dr Olav Fykse Tveit, na Romênica, onde participava da abertura da reunião da Comissão de Fé e Ordem, expressou sua alegria com a proximidade da data da comemoração dos 50 anos do GTC em Roma. Além disso, Tveit ponderou acerca do futuro do movimento ecumênico.

Relembrando desenvolvimentos históricos dentro da Cristandade mundial em 1965, Tveit refletiu, "os frutos desta era nas relações ecumênicas estão agora em nossas mãos. É nossa responsabilidade fomentar as relações entre a Igreja Católica Romana e a comunhão de igrejas-membro do CMI".

Nesta contínua colaboração, prosseguiu, "estamos trabalhando pela unidade visível da Igreja em resposta a oração de Jesus "para que todos sejam um e para que o mundo creia". Temos que confessar que muitas divisões ainda existem entre os cristãos e que estas constituem um escândalo e podem tonar-se fatais para pessoas e povos que são vítima da ganância econômica, o ódio, a violência, a guerra e o colapso ambiental. A agenda da unidade do GTC permanece no cerne de nosso esforço por dar um testemunho comum e de todas as nossas contribuições para construir justiça e paz para todas as pessoas e para a criação".

(*) Theodore Gill é editor-chefe do departamento de publicações do CMI, em Genebra, e ministro ordenado da Igreja Presbiteriana dos EUA.

Mais informações sobre a cooperação entre o CMI e o Vaticano

Mais informações sobre a Comissão de Fé e Ordem