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Sacerdotisa Beatriz Schulthess fala durante painel realizado na Conferência Inter-religiosa sobre Mudanças Climáticas, em Nova Iorque. Foto: WCC/Melissa Engle Hess

Sacerdotisa Beatriz Schulthess fala durante painel realizado na Conferência Inter-religiosa sobre Mudanças Climáticas, em Nova Iorque. Foto: WCC/Melissa Engle Hess

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"Os povos indígenas têm um papel importante a desempenhar na luta contra as mudanças climáticas", declararam líderes religiosos indígenas durante um painel da Conferência Inter-religiosa sobre Mudanças Climáticas, realizado no Centro de Igrejas para as Nações Unidas, em Nova Iorque.

Ao mesmo tempo em que os participantes no Centro de Igrejas escutavam os três líderes religiosos indígenas, no outro lado da rua, na sede da ONU, a Assembleia Geral das Nações Unidas promovia a I Conferência dos Povos Indígenas.

"É a primeira vez que tivemos uma conferência de alto nível sobre o tema dos povos indígenas", declarou Tore Johnsen, secretário geral do Conselho de Igrejas Sami, da Noruega. "Quando saí de lá, pensei: este é um espaço em que a política e a esiritualidade se juntam de maneira muito forte".

O painel com os líderes religiosos indígenas fez parte da programação da Conferência Inter-religiosa sobre Mudanças Climáticas, organizada pelo Conselho Mundial de Igrejas e Religiões pela Paz, poucos dias antes da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, marcado para este dia 23 de setembro.

"Os povos indígenas são importantes testemunhas do clima", lembrou Johnsen. "Por viverem perto da natureza, os povos indígenas têm afirmado há muito tempo que estas mudanças estão acontecendo".

Poucos participantes do painel conhecem tão diretamente os efeitos das mudanças climáticas quanto o Rev. Tafue Lusama, de Tuvalu, um país formado de pequenas ilhas no Sul do Oceano Pacífico.

O problema das mudanças climáticas é "grande demais", declarou Lusama. "Nossas terras não nos suportam mais porque sempre dependenemos da água potável subterrânea para irrigar nossas plantações. Agora, a água salgada se misturou à água potável, o que significa que não podemos mais plantar nada", disse. "O mar não nos oferece mais proteína suficiente e o aumento do nível do mar faz com que as ilhas mais baixas corram o risco de serem engolidas pelas ondas".

"Você pode migrar para onde quiser e dizer que é de Tuvalu, mas não poderá mais fazer isso se o seu país desaparecer da face da Terra".

As comunidades indígenas são conhecidas pela força para superar grandes adversidades, lembrou a Sacerdotisa Beatriz Schulthess, presidente do Conselho Ancestral Espiritual dos Povos Indígenas e membro da nação Kolla, do Norte da Argentina.

"Quando você supera adversidades você se torna muito mais forte". Ainda assim, ela disse, "a resistência não é apenas uma questão individual, mas um problema para todas as pessoas do planeta hoje em dia".

Indivíduos e comunidades devem promover "a reconciliação entre as pessoas e a natureza", acrescentou Johnsen. "Uma parte importante da resiliência indígena é resistir a ideologias que fragmentam a realidade de maneira que a Terra se torna objeto e mera fonte de recursos para o nosso próprio desenvolvimento. Não haverá paz enquanto estivermos em guerra com a Terra".

"Ontem tivemos muitas mensagens de esperança", lembrou Schulthess, referindo-se à manifestação que levou mais de 300 mil pessoas às ruas de Nova Iorque, em 21 de setembro. “Também vimos mensagens de amor. A natureza também precisa de nosso amor. A Mãe Natureza também precisa do nosso amor".

Quatro paineis semelhantes foram relizados durante a conferência inter-religiosa no dia 22 de setembro. O evento teve início no dia 21, com a assinatura da declaração conjunta sobre mudanças climáticas por parte de cerca de 30 líderes inter-religiosos de diversas partes do mundo.

Comunicado de imprensa do CMI escrito por Connie Wardle, editora do Presbyterian Record, Canadá.

A declaração inter-religiosa sobre mudanças climáticas (em inglês)

Website da Conferência Inter-religiosa sobre Mudanças Climáticas

O trabalho do CMI no programa de "justiça climática e cuidado com a criação"